Artur Pires foi um poeta uruçuiense que nasceu há 114 anos. Em Uruçuí, ele, não apenas criou sua família e desenvolveu atividades diversas, mas, também, produziu uma literatura que registra as impressões, os costumes sociais, os vícios, a saudade e as dores do seu tempo. Mas não era uma literatura qualquer. Seus textos, além de serem produzidos dentro do rigor da linguagem culta, trazem traços predominantes nas escolas literárias da época.
O canto poético de Artur Pires é intensamente marcado por traços tecidos com um lirismo extravagante, mas produzido dentro de uma técnica de versificação seguida por grandes vates da literatura brasileira. É um canto inspirado no seio da saudade e de uma dor que, dramaticamente, o persegue num ritual de massacre. O poeta, enrustido pela agonia romântica, chora os desalentos dessa severa catênula. Mas, no percurso literário, buscou, quase sempre, num revezamento incontido, o equilíbrio entre o sentimento e a razão. E daí nasceu um grande poeta.
Os seus textos em prosa, também são construídos num estilo mui particular e seguem o rigor da norma culta da nossa língua portuguesa. São peças literárias que, pela qualidade e diversidade temática enobrecem a cultura uruçuiense.
Artur Pires foi, portanto, poeta e escritor que cantou diversos aspectos do seu torrão natal. Ele foi um vanguardista da literatura de URUÇUÍ. Esta Cidade Menina que o tomou como cidadão e poeta da melancolia humana. Faleceu há 33 anos.
Publica-se, abaixo, um texto poético que ele escreveu há mais de um século. Há 102 anos.
URUÇUÍ
Meu Uruçuí, terra idolatrada,
Lá de longe, de ti eu não esqueço,
Sofrendo angústia amargurada,
Cumprindo o negro fado que obedeço.
O rio Parnaíba…a fonte…a casarada…
A igreja…o cruzeiro…Eu me envaideço
De ser um filho teu, terra adorada,
Nesta terra em que estou, que desconheço…
O meu pé de faveira…o João Leite Sobrinho…
O Luiz Siqueira, Asnor…o Pedro Santos…
A palestra da noite no banquinho…
Meu Uruçuí…minha mocidade…
Os meus pais…minha irmã…os meus encantos…
Uma lágrima…uma dor…uma saudade…
20.05.1920
Anchieta Santana
Historiador