Num olhar analítico sobre o processo eleitoral uruçuiense, considerando apenas o último século, percebe-se que o processo de escolha democrática dos representantes municipais, quase sempre, acontecia com tímida alternância de poder entre grupos políticos com viés conservador.
Em tese, a presença de um novo rosto no poder, a cada eleição, nem sempre representava um projeto administrativo inovador que visasse atender proposições de interesse social. A nova face no poder era, quase sempre, apenas um fiel representante de um grupo político que encontrava alternativas para se manter na gestão municipal. Mesmo que de forma indireta. Era uma espécie de “reeleição camuflada”. E, com isso, o jeito de gestar o município não sofria alterações significativa e nem a transparência administrativa era palavra de ordem, como acontece na contemporaneidade.
Em Uruçuí, excluindo o período de “intervenção política”, levado a cabo por Getúlio Vargas, com consequências em todo o país, quase a totalidade do tempo administrativo restante, foi gerido por diversos representantes. Isto, no entanto, não significa que muitos foram aqueles que conseguiram a proeza de serem eleitos de forma independente. O vencedor, quase sempre, era um representante de um grupo político e a ele devia satisfações gerenciais.
Nas últimas décadas, numa ação de maturidade em busca de dividendos sociais, os eleitores decidiram continuar testando gestores diversos. E nessa marcha de testagem vinte anos se passaram desde a última reeleição. Apenas em 2020 é que essa sequencia é quebrada numa clara sinalização do eleitor de que, o que foi gestado nesse último período de quatro anos, merece crédito.
Conclui-se, portanto, que, numa leitura dos aspectos históricos eleitorais domésticos, percebe-se que, quase não acontecia a reeleição de representantes do executivo municipal, mesmo num período em que o acesso aos dados administrativos era negado. No período referido, a proeza da reeleição só aconteceu três vezes: 1924, 2000 e 2020.
Anchieta Santana
Historiador