Uma leitura simplificada da história social de Uruçuí, permite afirmar que somente a partir dos anos sessenta é que o município passa a ter ambientes com uma boa estrutura para realização de eventos festivos e promoção de lazer. Dentre esses ambientes, cita-se o extinto Clube Recreativo Atlético Uruçuiense que, por algumas décadas, foi o point da diversão e lazer doméstico. Isto, depois da União Artística Operária Uruçuiense, fundada em 1945.
O Clube Recreativo, a princípio, não era um espaço plenamente popular; para acessar o ambiente de diversão as pessoas precisam ter um vínculo direto ou indiretamente com a sociedade que geria o clube. Era necessário, pois, portar uma carteira de identificação.
Tudo começa no princípio da década de sessenta, período em que uma agência do Banco do Brasil foi instalada no município. Como os pontos de lazer eram parcos e se resumiam a alguns bares, principalmente, no centro velho e beira rio, os primeiros funcionários do Banco do Brasil, dentre eles, Luiz Gonzaga Simeão da Silva, decidiram, com o apoio de outros membros da sociedade, bancar os custos para construção de um espaço com mais comodidade e, de certa forma, mais privacidade. Já que o acesso às suas dependência, a princípio, passava por algum tipo de controle social. E assim, com essa iniciativa, o município ganhou um ambiente com design inovador para época. A construção foi feita em tempo recorde e teve Francisco Sales(Chico Gato) como mestre de obra. O espaço escolhido para construção ficava nas proximidades da igreja matriz de São Sebastião.
Com o passar do tempo, o clube passou a ser um ambiente aberto, também, ao público não sócio e, com isso, aumentou significativamente o número de pessoas que ali se encontravam em nome da diversão. E, também, muitas pessoas e entidades passaram a usar aquele ambiente para promoção de encontros com as mais diversas temáticas. O clube passou, então, a ser uma referência social para o encontro de amigos, de casais de namorados, de famílias, de homens de negócio e outros fins. Ali, a juventude dançava, bebia e namorava ao som de “Os Geniais”, de Amarante. Mas, não só Os Geniais, mas, também, Osmar Sanfoneiro e diversos outros artistas da música.
A década de oitenta, sem dúvidas, foi um período em que as atividades do clube foram mais intensas. Principalmente durantes os festejos urbanos quando uma multidão se deslocava da zona rural, de cidades vizinhas e até de outros estados para ser parte nas festividades. Período em que aconteciam os grandes bailes.
Em meio a tantas lembranças, é praticamente impossível, esquecer, ainda, na década supracitada, a constante participação do grupo musical “Os Geniais”, que sempre trazia expectativa de casa cheia. E isto sempre se concretizava. Principalmente com a presença do vocalista Xaxá, que era considerado um verdadeiro “showman”. Ele era extravagante em seu figurino e elogiado na performance de palco. Vicente Xavier dos Santos Nóbrega, seu nome de batismo.
O supracitado representa apenas um pouco do que foi o Clube Recreativo Atlético Uruçuiense. Um clube que, após quatro décadas de sua construção, teve sua edificação transformada em entulho. E, para o entulho, também foi uma tradição cultural que marcou, em muitos sentidos, diversas gerações.
Anchieta Santana
Historiador