Dentre tantos casos bárbaros que teve Uruçuí como ambiente, narra-se, aqui, em meio a aspectos literários e jornalísticos, mais uma tragédia. Esta, aconteceu em dezembro de 2007, no outro lado do riacho Água Branca. Lá, um homem com mais de três décadas de vida, revestido pelo ódio e, aparentemente, pela ressaca das drogas, assassinou a própria mãe e, por pouco, não vitimou, também, o seu genitor.
No entardecer daquele dia 30 de dezembro de 2007, Klêison Gomes de Sousa, conhecido popularmente como Dêsso, depois de mais um dia perambulando pelas ruas e bares da cidade, chegou numa residência alternativa dos pais. Como sempre, trazia uma barba ruiva avolumada e um tanto descuidada, olhos grandes e avermelhados se destacando numa face que parecia ensoberbecida e marcada pelos cigarros e bebidas alcoólicas. Os pais o avistaram chegando num caminhar um tanto lento e olhando mais para o chão do que para o horizonte. Chegou e ficou, por um tempo, não se sabe se premeditando algo ou simplesmente esperando um momento certo para uma ação já idealizada, sentado num banco da casa.
Algum tempo depois, Dêsso levantou-se e avançou sobre sua genitora, Clementina Gomes de Sousa. E não perdendo tempo, começou a espancá-la sem dizer palavras, apenas deixava soar um resmungo que partia de uma face, agora, parecendo estar transtornada pela fúria do ódio. Como se não bastasse, empunhou uma faca e, impiedosamente, começou a desferir golpes contra o corpo indefeso de sua genitora. O pai, João Gomes Ferreira, homem de idade avançada e com aspectos sedentários, vendo aquele ato cruel e covarde, agiu tentando defender sua esposa das garras do filho. Mas o filho, ainda moço e com mais destreza física, não pensou duas vezes, partiu de encontro ao pai e, da mesma forma praticada contra a mãe, começou a golpeá-lo como se estivesse enfrentando um ferrenho inimigo. O velho, já cansado e vencido, sentindo o sangue jorrar das perfurações em seu corpo, caiu e fingiu-se morto para não ser assassinado.
Percebendo que o pai já não o incomodava mais, voltou-se para sua genitora e parecia, ainda mais, envenenado pela odiosidade. Ela tremia e clamava por tudo para que o filho a deixasse em paz. Mas ele, nada ouvia e foi golpeando aquele corpo que um dia lhe concebeu. Perfurava onde a arma branca acertava; principalmente na região facial.
Dêsso só desistiu de sua ação macabra quando percebeu que sua mãe já estava sem vida e o sangue irrompia de forma intensa. Ainda, por duas vezes, o assassino passou em revista o ato ali praticado e saiu sem rumo certo, limpando das mãos, o sangue da própria mãe.
Passado esse momento, o pai recobrou forças e conseguiu pedir socorro. O casal foi levado ao hospital da cidade. Ali, o corpo da mãe vitimada foi avaliado e liberado para os atos finais(antes do sepultamento) e o pai, transferido para um hospital em Teresina. Conseguiu sobreviver. O filho assassino, depois dos procedimentos judiciais, foi recolhido num presidio em Teresina. Ficava numa ala destinada àqueles que, por causa das drogas e outras motivações, apresentam problemas de distúrbios comportamentais.
Foi, portanto, uma barbárie que chocou a comunidade dessa região dos Cerrados e ganhou ampla notoriedade estadual.
Anchieta Santana
Historiador