A literatura uruçuiense, para não fugir aos padrões mundiais e seculares, apresenta-se com um conjunto de poetas e escritores inseridos num pool de diversidade temática e estilos. Uns cantam o rio, a saudade e os desencantos humanos; outros, choram a dor enrustida no bioma cerrado; e, ainda, aqueles que cantam as adversidades da vida nas cirandas, contos e cordéis. E, é nesse universo literário que se insere o vate uruçuiense, Freitas Filho.
Freitas Filho é o nome poético de José Ribamar Freitas Filho, um uruçuiense, filho de família humilde, que buscou nos estudos um meio para conquistar seu espaço no seio social e acadêmico. E foi numa intensa luta contra os obstáculos da vida, mas, com muita determinação e ousadia, que se formou em Enfermagem. Depois de morar em Teresina(PI) e São Luís(MA), hoje reside em Brasília(DF). São seus genitores: José Ribamar Freitas e Maria Irene Silva Freitas.
A produção literária de Freitas Filhos é regada por um labor intelectual mais denso e sempre trata do processo de superação e libertação que o homem precisa para conhecer suas dimensões e potencialidades no universo material e espiritual. Muitos de seus textos foram publicados nos jornais estudantis “Voz da Uruçu” e “Expresso do Sul”, na década de oitenta. Destes, ele foi membro fundador.
Os versos emanados do labor literário do poeta Freitas Filho encerram, além da rígida escolha vocabular, uma constante preocupação em sintetizar seu canto em breves linhas. Mas, engana-se quem busca em seus versos uma sintetização singela, corriqueira ou banal. Sua produção literária resume-se em linhas que, pela engenhosidade criadora, parece ser direcionada a um seleto público de leitores. Assim, em um poema intitulado “TRANSA DESCARTÁVEL”, publicado no jornal Expresso do Sul, em março de 1986, canta o poeta: “Se Ana não me ama/Não transa/Nem transa uma/Transa legal/Não vou chorar/Bilhetinhos românticos, nunca/Vou transar com Aninha/Num cabaré boçal”. É um poema que requer, do leitor, uma leitura temática e frasal bem aguçada. E, da mesma forma, no poema “ESTEREÓTIPO”, publicado em setembro de 1986, assim se manifesta o poeta: “Não quero a tua beleza!/Não quero a tua beleza/Pra te conceber bonita/Pra querer te amar/Quero, sim/Um gesto/Um riso de canto de boca forçado/Um pacote de banalidades forjadas”. E ainda, em “VAQUEIRO”, publicado em janeiro de 1986, o poeta canta tematizando a luta pela vida no protagonismo do “vaqueiro” nas fazendas da vida. Assim, ele canta: “Homem, cavalo, boi, labuta…/Vaqueiro/Corres atrás do derradeiro Gado piauiense/Fazendeiros da Sudene/Preferem capatazes…/Vaqueiro: doublé das tuas próprias cenas.”
Resume-se afirmando que, Freitas Filho, pela qualidade do seu fazer poético e pela resultante de seu processo de transpiração e respiração intelectual, é um vate que soma, de forma significativa, no processo de enobrecimento da cultura literária uruçuiense.
Anchieta Santana
Escritor e poeta