Quando a então Villa de Urussuhy foi emancipada em 1902, o processo de ensino e aprendizagem ainda não tinha uma presença significativa e includente na região. É tanto que, na solenidade de instalação do município quase todas as temáticas foram discutidas, exceto o processo educativo. E assim foi, anos a fio, a educação ficando à margem das prioridades das ações públicas da época. Fato que culminava com um grande número de pessoas sem acesso ao mundo da aprendizagem. Um tempo em que as poucas salas de aulas existentes, restritas à zona urbana, eram ministradas por professoras leigas no tocante ao processo educativo.
E é nesse cenário de uma educação apática e um tanto excludente, que surge a professora Maria Pires Lima para contribuir, com o processo de ensino e aprendizagem, de forma significativa, consistente e duradoura. Isto foi em meados da segunda década do século XX. Precisamente, no ano de 1915.
Ainda muito jovem, aos dezoito anos, Maria Pires Nunes, tornou-se a primeira professora Normalista da região. Isto foi possível porque ela foi morar em Teresina e lá, após estudar no “Grupo Escolar Barão de Gurguéia”(em 1905) e no “Colégio Sagrado Coração de Jesus” (em 1907), ela fez parte das primeiras turmas da recém-criada Escola Normal do Piauhy. Nesta, ela foi diplomada Normalista, em 16 de janeiro de 1915.
Após sua diplomação, ainda muito jovem, Maria Pires retornou, com a família, a Urussuhy e, no princípio daquele mesmo ano, iniciou sua atividade docente. Com novas teorias educacionais e uma proposta pedagógica diferente, sua formação terminou por nortear o processo de ensino e aprendizagem ofertado no município; e assim serviu de suporte pedagógico para as professoras leigas que estavam em atividade e proporcionou uma aprendizagem mais significativa aos discentes.
A sua atuação docente não se restringiu à sala de aula, foi, também, gestora do Grupo Escolar Professor Froes; e, nesta função, criou “Caixa Escolar”, organizou a primeira biblioteca da cidade e criou um jornal intitulado “O Estudantil”. Este, também, uma iniciativa inédita.
A atuação profissional da professora Maria Pires sempre foi motivo de reconhecimento público; e, alguns desses elogios foram publicados em jornais e revistas. Dentre outros, em 21 de setembro de 1975, sobre a ela, o saudoso advogado e escritor José do Egito Estrela escreveu em seu jornal Folha de Uruçuí:
“Figura extraordinária, conserva ainda o mesmo porte aristocrático que a caracteriza, mas guarda, também, no seu imenso coração, a mansidão e a nobreza, a autoridade e a compreensão, atributos que sempre lutou por transmitir a quantos dela se aproximam”.
Outra referência ao fazer profissional da professora Maria Pires, foi feita pelo professor e escritor José Patrício Franco, em sua obra “Uruçuí, sua história, sua gente”, publicada em 1983. Diz ele:
“A primeira Escola Pública Estadual, foi regida pela normalista Maria Pires Nunes(…)Ela esteve à frente da escola por mais de trinta anos-até sua aposentadoria por tempo de serviço. D. Maria, como era conhecida pelos seus familiares e alunos(fui um deles), pertencia à família Pires, uma das mais antigas, e casada com o farmacêutico Erotides Rosa Lima(…)foi abnegada mestra. Inteligente, simpática, teve real influência, já que pelos bancos de sua escola “Professor Fróes”-médico baiano, professor de Faculdade de Medicina, passaram muitos meninos de várias gerações, hoje homens que agradecem os seus sábios ensinamentos”.
Maria Pires Nunes nasceu dia 09 de maio de 1897 e era filha de José Alves Nunes e Júlia Pires Mascarenhas. Em 02 de dezembro de 1916, casou-se com o farmacêutico e político Erotides Rosa Lima. Ele faleceu em 19 de dezembro de 1947.
Portanto, Maria Pires Lima foi uma vanguardista em se falando do processo de ensino e aprendizagem do município de Uruçuí. A sua formação e o fazer pedagógico por ela desenvolvido e/ou orientado serviu como norte para um processo de ensino e aprendizagem mais dinâmico e moderno.
Fonte:
Anchieta Santana
Historiador