A população uruçuiense é o resultado da miscigenação que, também, ocorreu em outras partes do Nordeste e país afora. Em Uruçuí, tudo iniciou com a presença dos índios que eram os legítimos habitantes das terras. Em meados do século XVIII, chegaram os “brancos” em nome da “civilização” e ocorreu o embate. E nesse processo, vale ressaltar que muitas índias foram mortas, outras capturadas e, até mesmo, seviciadas e aculturadas por colonos. Pois, é fato: sempre acontece a imposição cultural de todas as ordens, dos dominadores sobre os dominados. E essa prática envolvendo a mulher nativa foi se consolidando ao longo dos tempos. Ainda hoje, mesmo muito distante daquelas épocas, muitos são aqueles que, direto e/ou indiretamente, descendem do sangue indígena. Quando as fazendas de gado e outras atividades foram sendo implantadas na zona rural deste município, fez-se uso, além da força indígena, dos escravos negros para os afazeres. Conforme anotado em anais religiosos.
Então, o primeiro rosto uruçuiense é um rosto nativo com traços timbiras e acroaenses. Com a chegada dos brancos e dos negros começou a ser delineada uma nova face. Some-se, nas décadas seguintes, a este processo, a imigração de centenas de fugitivos das secas nordestinas que, aqui, buscavam alimento e conforto; e, também, os comerciantes que buscavam aumentar seu mercado de atuação. Pois, o município, às margens dos rios Parnaíba, Uruçuí Preto e Balsas, passou a ser destaque no cenário nacional em virtude da navegação fluvial. Principalmente através dos rios Parnaíba e Balsas.
Quando mais de 80% dos habitantes viviam na zona rural, as relações matrimoniais, em tese, quase não rompiam os limites municipais, o rosto uruçuiense era mais definido.
Com o recente advento da globalização das culturas, dos costumes, dos atos governamentais, da fé, das tecnologias, dos bens de consumo e da busca pelas terras férteis do bioma aqui existente, a face uruçuiense vive uma intensa metamorfose típica desse processo mundial. Basta que se analise o recenseamento do IBGE 2010, para que se constate que o município, hoje, é habitado por imigrantes de todas as regiões do imenso Brasil. E muitos destes, não apenas trabalham, ajudam no desenvolvimento e residem por aqui, mas, também, constituem famílias com habitantes do Cerrado.
A face uruçuiense é, pois, resultante de um longo e interminável processo de miscigenação. Possui traços marcantes e belezas diversas.
Fotografia: Jefferson Damacena (@o.damacena).
Texto:Anchieta Santana
Historiador