A terra natal é uma genitora que sempre aplaude seus rebentos. E não poderia ser diferente. Uruçuí já deu vivas, fez coro de aplausos e publicou o nome de muitos artistas, das mais diversas áreas de atuação. São muitos profissionais que levam pelos caminhos por onde trilham, sem dissimulação, o nome e os aspectos positivos do seu chão natal. Isto se constata, por exemplo, na postura de Marlon da Silva Maia. Um uruçuiense que deixou sua cidade natal em busca de ambientes e situações temporais que oportunizassem a realização de seus sonhos e inquietações intelectuais. E nesse intento, ele frequentou centros intelectuais de seu país, rompeu as barreiras nacionais e conquistou o primeiro mundo.
Marlon Maia é um uruçuiense que, na contemporaneidade, brilha nos teatros(e similares) de Berlim, na Alemanha, entoando músicas líricas com uma grandeza digna de infinitos aplausos. Ele é filho do saudoso casal João Estevam Júnior(João Loreto) e Flora da Silva Maia. Ainda em Uruçuí ele teve seus primeiros contatos com os estudos; em seguida, estudou na escola Diocesano, em Teresina e daí para a Universidade de Brasília-UnB, onde bacharelou-se em Direito. E, em Brasília, após conquista de uma espaço no serviço público federal de justiça, atuou como tradutor, inglês/português, de documentos internacionais de interesse da justiça brasileira. Dentre outros trabalhos, foi coautor na tradução de “Commentary on The Bangalore Principles of Judicial Conduct”(Comentários aos Princípios de Bangalore de Conduta Judicial), cujo documento, de 179 páginas, foi publicado, em 2008, pelo Conselho da Justiça Federal-DF. Ainda no Distrito Federal, Marlon Maia, instigado pelos seus primeiros contatos com a música lírica, estudou música na Escola de Música de Brasília. Depois, por força do trabalho como tradutor que exercia, viajou à Inglaterra para estudar Inglês Instrumental Jurídico. E lá, terminou por ser contemplado com uma bolsa de estudo para estudar canto(pós-graduação em performance) no Conservatoire de Birmingham, tendo como mestre, o renomado tenor Justin Lavender. A partir daí, em 2014, deixa a função que exercia na Justiça Federal e segue para a Alemanha em busca de dar vazão aos seus anseios. Lá, no universo alemão, “participa da Primeira Lotte Lehman Academy, na cidade de Perleberg, onde recebe orientações de sopranos e tenores de alto nível internacional.
Numa entrevista a Márcio Correia, colunista do “Portal Conceituado”, o Marlon Maia discorre sobre várias temática, relembra sua infância em Uruçuí, ao lado de sua genitora e se define como “mutável e adaptável”. Sobre sua mãe, diz ele, num certo momento da entrevista: ”Flora, minha mãe, foi a primeira artista que conheci e o primeiro contato com as artes que tive através de seus bordados e de suas rendas de birlo. Ela adorava cantar e tinha uma verve cômica imensa, que é o que eu acho que me faz gostar de papéis cômicos. Era impossível ficar sem sorrir ao lado dela. Era uma verdadeira menestrel-e minha raiz teatral é muito medieval. Foi Dona Flora Maia que me inspirou com o seu jeito autenticamente nordestino de ser.” E diz mais, acredito na bondade do ser humano e que a certeza da “finitude” é uma motivação para eu viver de forma intensa cada momento. E ainda, sobre a ópera, diz ele: “Ela é a atividade que usa minhas inteligências mentais e físicas como tanto gosto, entrelaçando-as”.
Marlon Maia tem um repertório bastante rico e variado, que inclui música popular brasileira, ópera e música de câmara. Em junho de 2011, ele participou do I Festival de Ópera de Brasília, atuando na ópera “Pagliacci”, de Leoncavallo. No festival seguinte, em 2012, ele atuou como solista na ópera Carmen, ópera em quatro atos do compositor francês George Bizet. Também participou dos festivais seguintes em espetáculos como: A cartomante, ópera de Jorge Antunes e Olga, do mesmo autor. Isto, apenas para exemplificar algumas de suas participações no Brasil.
Uma frase, de Marlon Maia, na entrevista supramencionada, é muito forte, significativa e representa, muito bem, aqueles que nunca se contentam com uma obra e/ou performance findada. Uma vitória é apenas mais um passo num universo de possibilidades. Diz ele: “Quero me desafiar sempre”.
Pelo que foi dito, e pelo que ainda falta ser explorado na rica e lúcida vida artística de Marlon Maia, é fundamental dizer que ele representa um exemplo a ser seguido por todos aqueles que acreditam que os sonhos podem ser concretizados e que a força de vontade e a capacidade intelectual são armas com poderes ilimitados. E por fim, Marlon Maia, também, serve de exemplo, quando, mesmo conquistando os palcos do primeiro mundo, não perde o brio da simplicidade.
Anchieta Santana
Historiador